O dito pelo não dito....





Que me diria, se ouvisse falar sobre os tempos em que se podia sonhar e deixar-se levar  por estórias resultantes da transmissão oral ou de hábitos inveterados,   levar-se pelo verbo e perder-se na escrita,  sem tempo definido apenas palavras jogadas ao vento : seria assim o dito pelo não dito.

Sequência desprovida de sentido, como se fossem as últimas palavras num discurso absurdo, sem sentido como uma vida insana levada ao léu sem destino ou pontuação,  que a normatize, atirada ao vazio como aventura escrita num bloco de notas,  inelegíveis  á guem que por aqui passe, assim ficou sem palavras, procurou dizer algo diferente, mais não disse nada...  returned to the said by the unspoken.

Parecia que tudo corria bem, a manhã com sol,  pássaros cantavam e vizinhos confraternizavam em alto e bom som, tudo era um mar de rosas, entre as brumas da manhã o dia conspirava em seus necessitares.

Parecia que nada de novo aconteceria mas, dentro dos próximos minutos quando o telefone tocar, noticias trarão novidades e outras imagens para a estória, sem que se perceba a cena torna-se obscura, as horas passam, agonias generalizadas pelo desespero que toma conta do ambiente, não sabia como sair desta emboscada criada  pela absoluta falta do que fazer, mudo, sentava e esperava pelo desfechos dos acontecimentos. 

Durante algumas horas esqueceu o que se passava e deixou-se levar por uma leve amnésia, fazendo de conta que ainda lembrava do ocorrido e de suas referências, pura balela, para não perder a pose e ser desmascarado pelo esquecimento, mesmo assim relatou os fatos preenchendo-os de contradições.

 Levantou e foi dar uma limpeza no quintal, a partir dali esqueceu o que tinha a dizer e se concentrou na tarefa, quando voltou percebeu que esquecera o café pronto sobre a cafeteira elétrica, que agora cheirava a requentado, e tinha gosto de asa de barata, não que tivesse tomado chá de asa de barata mas supunha ser igual a café requentado, sendo assim esvaziou o Bule na pia e ficou sem tomar café. Saiu pois há um encontro com o destino,  lembrou de fechar a porta com duas voltas na chave. No celular leu os e-mails,  só recebera spam saiu sem rumo,  ao encontro do inevitável. 

Saiu sem destino em busca do não sei o quê, reparo que a estória se repetia sem dar chance ao novo, velhas estórias contadas em  redundâncias e lendas, se repetem em moto perpétuo de palavras e onomatopeias, absurdas. Repetidas guturalmente por gargantas inflamadas carentes de penicilina, ia corrigindo conforme errava, até esquecer o que escrevera e desconsiderasse o erro. Assim sendo o texto ia se preenchendo de linhas e as palavras ocupando seus lugares nas frases,  pouco importava a concordância só palavras oriundas de conversa fiada. 

Queria poder falar sobre assuntos variados mas faltavam conhecimentos necessários para soltar o verbo, deixou de lado e partiu para outro discurso menos elaborado sobre erotismo destacado sem moralismo que o disfarçasse, sendo assim abusou na retórica dos amantes e suas fantasias, escritas no papel tinham cores literárias deixando de lado o sombrio de suas intenções  depois foi dormir crendo que escrevera um clássico.

Acordou sem saber que horas eram,  saiu da cama se espreguiçou, foi a cozinha fazer café, nem ainda pensara e começou a escrever o que nunca seria contado pois escapavam aos olhos o que observará desde então persegue a Ideia de um texto  sobre invasões alienígenas e bucetas venezianas impregnadas de amor carnal. Deixara de lado a ideia futurista e embarcou no presente sem se importar. Talvez a palavra poderia então usar o verbo no tempo errado e compor frases sem concordância outra vez. Parecia que estava voltando a ter o que dizer, embora os erros de teclagem, tropecem entre as letras que pareciam jorrar num emaranhado, pouco se importava com a chuva fina que caia la fora, estava agasalhado e não sentia frio, dessa maneira deixa de lado a canção e  os headphones em cima da impressora desligada para não gastar energia.

Deixa de lado a falácia e parte para o verbo direto, reinicia o aparelho e aloca espaço na memória, procura pela virgula num teclado virtual, esquece das regras de concordância e coloca a frase no absurdo. 

Assim se valera só intransitivo direto para nada a não ser preencher espaços em branco na memoria manca, subterfúgios para usar o verbo. Passava-se o tempo e a linguagem ia mudando conforme a necessidade de diálogo. Parecia que o tempo não parava e a língua viva se contorcia entre os dentes verbalizando o abstruso,  trocando palavras por sentimentos num tagarelar infinito.

Sendo assim fica o dito pelo não dito e  desta maneira segue a falação enquanto a bateria descarrega e o corretor de texto corrige os erros de escrita. Vivos de um passado recente em nossas lembranças ainda presente nas memorias ditas ao vento, deixadas de lado como todas as outras. Parecia que havia pouca memória e por isso se movia lento descrevendo letra a letra a palavra escolhida, editava aos poucos a ideia concebida, procura o que dizer mas as lembranças se esvaziavam, deixou de lado e partiu para outra. Ainda que o frio lhe dessem arrepios continuava tremendo , vestiu um casaco e saiu por ai em busca de aventuras, a procura de espaço entre estrelas que brilhavam em torno de galáxias desconhecidas ao nosso quadrante.

Debaixo do sol, corpos dourando a pele coberta de protetores Solares, durante o verão. Prometera não dizer mais nada mas voltava a falar como se nunca houvesse sonhado antes com castelos de areia ao sol do meio dia ali secando em sua forma esculpida displicentemente por mãos com artrite, deixava-se levar pelo instinto e nem reparava no que dizia, falando letra a letra o absurdo. Poderia deixar de lado todo o ritual e entregar-se de vez ao paganismo mas, preferiu deixar que as coisas continuassem a ser como eram e deixar-se levar pelo instinto, sendo assim encontraria a palavra certa para o erro. Embora fosse dito que nada passaria falaram pelos cotovelos sobre o que deveria ser dito. 

Formou frases sem nexo e saiu por ai sem saber aonde ir, tentando dizer o dito pelo não dito.


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